20.8.08

LOVE STORIES | Naiah Mendonça

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OFÉLIA (fragmento da série) | fotografia


LOVE STORIES
por Nicholas Petrus


A feminilidade é intrínseca à obra da artista paulista Naiah Mendonça [1978]. Feminilidade não é feminismo. Não por ser mulher, mas por ser feminal. Aliás, percorrendo suas obras em vídeo e fotografia, a iconografia feminina aparece como protagonista de si própria, uma imagem self-reflexive da individualidade da mulher no jogo social, e da própria artista, no espaço e no tempo, como, incondicionalmente e imutavelmente, fêmea.

Sempre solitária, a figura humana domina a imagem; a imagem se faz palavra: mulher. Tempo estático e fluído, a fotografia exige o movimento, a encenação do momento, a necessidade da expansão. Na obra “Ofélia” (fotografia, 2003) e “Medusa” (fotografia, 2006), a imagem caminha no tempo, e no contemporâneo a cena se converte em idéia: a beleza sagaz imersa no desconhecido, a beleza tentando reviver a si própria. A cena é algo teatral, e o diálogo entre a figura humana e o espaço é fundamental para a composição de cada obra. “Ofélia” é o espaço da intimidade, uma banheira branca, água verde, cabelos vermelhos; “Medusa” é encenada diante do espelho; “Olímpia” (vídeo, 2006) se passa no espaço cotidiano: o colo, a TV, a sala.

No vídeo, onde o movimento é natureza da técnica, a cena não exige a intensidade da fluidez, e o ritmo fotográfico domina a tempo da obra de Naiah. Vídeo e fotografia se interpõem e se confundem simultaneamente. Na obra “La Dolce Vita” (vídeo, 2007) a artista não se move, seu corpo sim (e o som), cobrindo de sangue o espaço da imagem. O corpo feminino está em movimento, a aparência, a mulher física, não. Mesmo quando há movimento, o gesto esperado é delicado, às vezes previsível, por exemplo, quando permanece movimentando o globo, no vídeo “Words Don´t Come Easily” (2006).

“Digital Love” (vídeo, 2004) apresenta a artista (que quase sempre é a figura feminina das obras) transferindo palavras em silêncio; no exercício da comunicação instantânea, e por reflexos se faz o diálogo, por variações de expressão a correspondência, pela solidão a contradição do contemporâneo.

A obra "Digital Love" foi selecionada para o projeto PAR AVION, com curadoria de Nicholas Petrus e Fernanda Proença.


LINK DA ARTISTA:
NAIAH MENDONÇA

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